" O amor protege de tudo... ou talvez não"
" Era Verão e as férias tinham começado há uma semana. Como sempre, estava na Nazaré, na casa da minha avó. Teste ano ia ser diferente. Tinha feito 17 anos há poucos dias e, finalmente ia poder sair á noite com as minhas primas e amigos. Na praia fazíamos as parvoíces do costume: jogar raquetes, piscar os olhos aos rapazes, contar anedotas, comer gelados. O Paulo era mesmo muito giro. Tinha 19 anos e olhos verdes. Sei lá porquê, foi a mim que escolheu e eu ia morrendo derretida quando ele me perguntou ao ouvido:" Queres namorar comigo?", como nos filmes antigos e nas telenovelas. Não era só paixão de verão. O Paulo dizia isso todos os dias e, quando as férias acabaram e cada um voltou para sua casa, escrevíamos, telefonávamos e, fim-de-semana sim, fim-de-semana não, viajávamos 60 km para nos encontramos. Eu era virgem. Ao fim de quatro meses de namoro já tínhamos "avançado" tanto que resolvi tomar a pílula. Claro que sabíamos que não podíamos ter um bebe! Fizemos amor três vezes. Começaram os exames, o Paulo tinha muito que estudar, cada vez tínhamos menos contactos. Comecei a sentir-me estranha: tinha náuseas, um pouco de febre, estava sempre indisposta. Fui ao médico fazer um teste para saber se estava grávida. Não, não estava. O Paulo telefonou. Tínhamos que falar, ele tinha feito as pazes com a ex-namorada, era um história complicada, tinham namorado dois anos, terminaram, andaram com outras pessoas, voltaram, bla, bla, bla,... O verão acabou, definitivamente. E não houve Outono. A transição doa 40 graus á sombra para aí uns 10 graus negativos. Pensava que todo este desconforto físico que sentia tinha a ver com a devastação emocional provocada pela perda. As minhas amigas diziam-me que já não se morre por amor. Não é verdade. Tenho 32 anos e estou a morrer. De Sida ou de amor, agora já tanto faz."
( ministério da saúde; comissão Nacional de Luta contra a SIDA - agenda 2001 - Amar amar perdidamente amar amar seguramente)