Um ano depois de ter sido mãe, os projectos em relação ao futuro voltaram a fazer parte da vida de Rita Garcia. "Quero regressar à escola, concluir o ensino obrigatório e prosseguir os estudos ao mesmo tempo que trabalho. Apesar da minha mãe e da minha avó me ajudarem, a situação económica da família não me permite que as sobrecarregue com as despesas de uma criança".
Antes do nascimento da filha recusava-se a fazer planos ou a pensar para além das consequências "negativas da maternidade. Sentia-me completamente frustada e com muita raiva de toda a gente como se os outros tivessem culpa da minha situação. Quando pensava na gravidez imaginava que ia passar o resto dos meus dias a mudar fraldas e a dar biberões, enquanto as minhas amigas iam ao cinema e à discoteca com os namorados".
Estes problemas estão a ser ultrapassados com o auxílio de uma psicóloga. A "minha mãe achou preferível ser acompanhada por um especialista nesta matéria para me ajudar a ultrapassar algumas das situações mais complicadas. E está a dar algum resultado". No passado domingo, assinalou o Dia da Mãe de forma diferente. "Até ter a minha filha não dava importância a este dia e nunca comprava prenda para oferecer à minha mãe. Mas este ano o dia assumiu uma importância diferente e acabei por comprar uma lembrança". O relacionamento com a mãe também está diferente. "Agora que também já assumi esse papel acho que compreendo melhor o que antigamente classificava como embirração e perseguição".
Para Vânia Teixeira, de 17 anos e grávida de sete meses, o Dia da Mãe também foi especial. "Nunca pude dar uma prenda à minha mãe porque não vivo com ela. Por isso, este ano comprei uma para oferecer a mim mesma".
Apesar de reconhecer que a gravidez lhe alterou a vida, diz que ela veio preencher um vazio. "Nunca tive muito carinho de ninguém. Vivo com uma tia que não tem tempo nem para falar comigo. A criança dá-me a sensação que pertenço a alguém". Depois de concluir o ensino escolar obrigatório, começou a trabalhar numa loja, mas foi "despedida mal souberam que estava grávida". Apesar de ter prometido assumir a criança, o companheiro só aparece de vez em quando. "Mas também não interessa muito porque já tem dois filhos de um relacionamento anterior".
Ao contrário do que aconteceu com Rita Garcia, os amigos não se afastaram. Aliás, é uma amiga que a acompanha às consultas do centro de saúde da área de residência. No entanto, admite que está um pouco saturada de "tanta conversa sobre fraldas e biberões".