"Ser mãe na adolescência é muito diferente do que quando se tem 25 ou 30 anos. Não existe uma experiência de vida para ajudar a enfrentar e ultrapassar os problemas da gravidez e da maternidade que não foram desejadas", afirma Rita Garcia, com 16 anos. É a assunção de papéis para os quais diz que a maioria das jovens "não está preparada".

Rita Garcia tinha 15 anos quando soube que estava grávida. O choque foi tão grande que "acabei por ficar doente durante vários dias. A única preocupação era encontrar a melhor forma de contar à minha mãe e ao meu namorado que estava grávida".
A situação prolongou-se durante dois meses "na tentativa de ganhar coragem para contar. Estava muito insegura e receosa da reacção da minha família e nem sabia explicar muito bem como fiquei grávida". Aos quatro meses de gravidez a mãe percebeu que alguma coisa estava errada e Rita Garcia acabou por lhe contar. A primeira reacção foi de choque, mas com o passar dos dias a mãe acabou por ficar resignada "e a primeira preocupação foi a assistência médica". Ao longo dos restantes cinco meses de gravidez "fui sempre acompanhada por uma médica no centro de saúde". Consoante crescia a barriga de Rita Garcia também aumentavam as dúvidas em relação à maternidade e ao futuro. "Acho que a adolescência é um período de descoberta tanto ao nível físico, como social. É nesta altura que as amizades criam raízes e que a nossa visão do mundo começa a mudar. Nenhuma rapariga está preparada para assumir uma maternidade com 15 ou até com 18 anos. É muita responsabilidade para quem ainda tem muito para aprender".
Ao contrário do que deve acontecer neste período, a vida social de Rita Garcia diminui. Os amigos "foram desaparecendo porque deixamos de partilhar projectos e tive que abandonar a escola. Não me sentia bem com tantas pessoas a olhar para mim como se fosse um bicho raro".